quinta-feira, 20 de setembro de 2012

UPP da Rocinha: policiais contarão com 100 câmeras de segurança

Policiais militares que vão integrar a UPP no acesso à Rocinha
Policiais militares que vão integrar a UPP no acesso à Rocinha Foto: Pablo Jacob / O Globo
Celia Costa - O Globo
RIO - Dez meses depois do início da ocupação pelas forças de pacificação, foi instalada nesta quinta-feira a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na Favela da Rocinha, na Zona Sul do Rio. Sob o comando do major Edson Raimundo dos Santos, de 38 anos, os 700 policiais militares que atuarão no patrulhamento de 25 localidades da maior favela do país vão contar com a ajuda de 100 câmeras de monitoramento e rádios com localizadores por GPS. Com esses equipamentos, será possível saber onde cada policial está. Além disso, os PMs usarão motocicletas nos trechos de difícil acesso. Related content
Desde o início da manhã, o policiamento está reforçado em toda a comunidade, que tem mais de 69 mil moradores. O clima é de expectativa e de esperança de que a vida da população melhore:
- Espero que melhore ainda mais, porque já melhorou. Hoje, a gente tem mais tranquilidade para criar nossos filhos. As crianças não são mais obrigadas a ver as coisas que viam antes — disse Adenir Correa de Souza, de 62 anos, 57 deles vividos na Rocinha, referindo-se aos homens armados que circulavam pelas vielas e à venda de drogas na comunidade - Mas ainda é preciso que melhorem os serviços básicos, como coleta de lixo, saneamento e a iluminação - completou.
Durante a cerimônia de inauguração da UPP, o secretário de Segurança José Mariano Beltrame fez uma avaliação do processo de ocupação da comunidade.
- Tivemos acertos e desacertos. Mas tenho certeza de que existem mais aspectos positivos do que negativos. Hoje é um dia duplamente importante para mim, dia da inauguração da UPP e Dia do Gaúcho, da Revolução Farroupilha - disse o secretário, que é nascido no Rio Grande do Sul.
Em seu discurso, o governador Sérgio Cabral disse que a pacificação é um processo e que a marginalidade vai continuar tentando dominar o território fazendo enfrentamentos.
- Antigamente a polícia era invasora. Nesse episódio recente, no qual perdemos um policial, foi o contrário, o bandido é que tentou invadir a Rocinha. A polícia vai ficar para sempre aqui, como está em São Conrado, como está no Leblon - concluiu Cabral.
O comandante da UPP da Rocinha disse que a inauguração da UPP dá maior credibilidade ao processo de pacificação junto à comunidade.
- A população vendo que foi inaugurada acredita realmente na efetiva conclusão do processo - afirmou o major, que está há 12 anos na corporação. Nascido em Vigário Geral e criado em comunidades pobres, o oficial acredita que sua origem humilda vai ajudá-lo a se aproximar dos moradores da Rocinha.
- Já vivi em favela e conheço essa realidade. Isso vai facilitar o entrosamento e a aproximação do comando da UPP com os moradores da Rocinha - disse Edson Raimundo.
O coronel Rogério Seabra, comandante das UPPs, reforçou que um dos fatores que o levou a escolher o nome do major Edson Raimundo para comandar a unidade é o fato de ele ser filho de nordestinos.
- Como a maioria dos moradores da Rocinha é nordestina ou descendente, isso facilita a aproximação entre a polícia e a população - explicou Seabra.
A UPP da Rocinha é a 28ª do estado. A unidade contará com uma sede própria que ainda será construída no Parque Ecológico e com mais oito bases avançadas que ficarão espalhadas em pontos estratégicos da comunidade. Foram inauguradas três bases, que já estão em funcionamento: duas na Rua Dois e uma na localidade conhecida como Cachopa.
A favela está ocupada pelas forças policiais desde novembro do ano passado, e desde março vinha sendo patrulhada por um efetivo de 408 homens do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), Batalhão de Choque (BpChoque) e Batalhão de Ações com Cães (BAC). O processo de pacificação foi marcado por episódios de violência, como a morte de Vanderlan Barros de Oliveira, o Feijão, presidente de uma associação de moradores, e de dois PMs.
Na segunda-feira, Rafael Silva de Barros, de 18 anos, foi preso, acusado de ter matado o PM Diego Bruno Barbosa Henriques na quinta-feira, dia 13. O próprio pai foi à polícia revelar o paradeiro do filho. Na última terça-feira, PMs vasculharam a favela em busca de outros suspeitos de envolvimento na morte do policial, mas ninguém foi preso.

Leia mais: http://extra.globo.com/noticias/rio/upp-da-rocinha-policiais-contarao-com-100-cameras-de-seguranca-6144533.html#ixzz272gXL5lz

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