— Essa tragédia se repete sempre. Todo ano, sempre igual. Daquela vez, ajudei a salvar os vizinhos. Ajudei aquela vez e em outras que a chuva fez estragos. Infelizmente desta vez, foi com minha filha e meus netos. Espero que façam algo para que não volte a acontecer — desabafou.
Aos 53 anos, Jamil costuma, toda vez que chove, sair às ruas para ajudar no resgate de vizinhos. Quando chegou à casa da filha, já era tarde. No lugar onde ficava a casa, havia apenas um buraco e lama. Drucilane chegou a ser retirada com vida dos escombros, junto com seu marido, Rodrigo Valle, mas não resistiu aos ferimentos e morreu no Hospital Santa Tereza.
A filha e o genro de Jamil planejavam deixar o imóvel onde moravam. Eles temiam que, como aconteceu, a casa fosse destruída quando acontecesse um temporal mais forte.
— Eles estavam construindo uma casa numa local próximo, mas fora de área de risco. Infelizmente não deu tempo. Nossa família não foi a primeira, e nem será a última a sofrer essas perdas. Ninguém faz nada e a tragédia vai se repetir — disse Edmílson da Silva, tio de Drucilaine.
A imagem de Jamil em 81, estampada na capa do “Jornal do Brasil” rendeu um prêmio Esso de Jornalismo, na categoria regional, ao fotógrafo Carlos Mesquita, morto no ano passado.
— Meu netinho mais velho tinha começado na escolinha. O pequeno queria ir também, minha filha ia ver uma creche para ele. Pensar no que aconteceu é muito difícil. Meu genro está no hospital ainda, mal. Ele precisa de doação de sangue — afirmou Jamil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário